A postagem de hoje é para lá de especial. Quem se lembra e leu minhas resenhas do autor entende que a narrativa dos livros do Luis é instigante, maravilhosa e claro, não perderia a chance de saber mais e compartilhar com vocês!
Obrigada ao autor pela entrevista e a Primavera Editorial pois foi através dela que conheci as obras do Luis e ele.
Confiram as resenhas: O véu e A outra face do desejo.
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Sua produção intensificou-se a partir dos anos 2000, com a publicação de outros thrillers, como Ira implacável e 120 horas. Em 2007, estreou na literatura juvenil, publicando Morte no colégio.
1- Inicialmente, gostaria que contasse
resumidamente sobre um pouco de cada obra sua, se puder, destacando as lidas e
resenhadas no blog: O véu e A outra face do desejo.
R: Já são mais de
dez livros. Praticamente todos são thrillers, isto é: narrativas de suspense e
mistério. Escrevo para os públicos adulto, juvenil e infanto-juvenil. Não teria
como falar de cada um deles aqui, sem me estender além da conta. “O véu” e “A outra
face do desejo” são meus livros mais recentes para o público adulto. Ambos são
thrillers, mas com pegadas diferentes. “O véu” é um suspense que mistura o
mundo da arte à geopolítica internacional, mais especificamente o Irã
contemporâneo. Já “A outra face do desejo” é um thriller romântico, onde uma
narrativa policial se desenvolve em paralelo a uma trama amorosa.
2 - Houve alguma inspiração para escrever O véu
e A outra face do desejo? De onde esta ideia, esta construção de todo livro,
acontecimentos e reviravoltas da criação destes thrillers, surgiram?
R: Sim, a inspiração acontece o tempo todo em que se está
escrevendo um livro, mas sempre tem um ponto de partida que pode, muitas vezes,
ser resumido numa única frase. No caso de “O véu”, a ideia inicial foi um
quadro. A vida toda frequentei exposições de arte e, volta e meia, me
surpreendia imaginando possíveis mensagens subliminares ocultas em muitos dos
quadros que eu via. Pensei, então, em criar uma trama em que um quadro
instigante escondesse um grande segredo. A partir desse elemento toda a trama
foi erguida. “A outra face do desejo”, por sua vez, nasceu com a proposta de
ser uma história romântica. Mas lá pela página 20, decidi que um personagem
teria que morrer e, então, repensei toda a trama, reescrevendo, inclusive, o
que já estava pronto a fim de dar a ela
uma nova configuração, onde o suspense e o mistério predominassem.
3 - Você faz uma estrutura para organizar ou
escreve fazendo com que as “peças” da trama se encaixem durante o processo de
escrita?
R: Faço sempre. Um
thriller, para funcionar bem, necessita, na maior parte das vezes, de um
planejamento prévio, como uma planta baixa de um edifício. Sem ela, a
construção corre o risco de ruir ou de não corresponder às expectativas
iniciais. Então o que eu faço é pensar e estruturar a trama muito antes de
iniciar a escrita propriamente dita. Mas ao longo da redação do livro, que pode
durar anos, é inevitável que novas ideias surjam. Então, periodicamente, faço
paradas estratégicas a fim de reavaliar o que está pronto e, muitas vezes,
fazer alterações.
4 - Como foi a criação de cada “encaixe” de
acontecimentos do livro O véu, relacionando tudo à política, religião e
querendo ou não, parte é amor e um triste acontecimento – que os leitores do
livro sabem de quem - e quanto tempo demorou para finalizar a obra?
R: “O véu” foi o livro que mais tempo levei para escrever:
dez anos ao todo. Comecei em 1999 e só fui finalizá-lo em 2009. É claro que não
o escrevi direto durante esse período. E precisei reformulá-lo, pelo menos três
vezes. Deu muito trabalho. Mas foi ótimo. A pesquisa foi essencial para esse
livro. Mergulhei a fundo em estudos sobre a sociedade e a política do Irã e
descobri um país muito diferente deste que aparece na mídia. A internet teve um
papel importante em certa altura, pois, graças a ela, pude me comunicar com iranianos
e saber deles o que se passa no país e na intimidade da vida cotidiana anônima.
Aprendi muito, muito mesmo, com toda a pesquisa que precisei fazer para o
livro, sendo que nem 10% dela entraram na trama.
5 - Em sua obra: A outra face do desejo, disse
como foi um pouco complicado a relação de um eletrizante thriller com romance e
também, como transformou-se em uma pessoa melhor. Esta obra, de alguma maneira
foi conceituada a algo que ocorreu em sua vida ou foi mais por pedido de
leitores?
R: Sem duvida, me tornei uma pessoa melhor. E também,
creio, um escritor melhor. Nada na trama é autobiográfico – aliás, livro nenhum
meu é. Falo das outras pessoas, o que para mim é muito mais estimulante. A
ideia para “A outra face do desejo” nasceu em 2006 durante uma conversa com um
amigo, na época funcionário de uma grande editora. Ele disse que se eu
escrevesse um livro ao estilo de Nora Roberts ou Barbara Delinsky, duas grandes
escritoras românticas americanas, a editora publicaria. Como, até então, eu
nada tinha lido delas, fui atrás dos livros para saber do que se tratava e
descobri um universo literário fascinante – e até então pouco explorado por mim
– de histórias que falam, acima de tudo, de questões do coração. Desde então,
incorporei esse gênero narrativo ao meu repertório como leitor e descobri
muitos outros autores. Acredite: essas leituras apuraram a minha sensibilidade
e, graças a elas, me tornei um homem muito mais compreensivo e atento em
relação às outras pessoas e ao mundo em geral. Passei, inclusive, a conhecer
muito melhor a alma feminina. Tudo isso, é claro, acabou se refletindo no meu
trabalho.
